quarta-feira, 20 de outubro de 2010

A menina do fósoro


A MENINA DO FÓSFORO (  Adaptação de um conto do escritor dinamarquês Hans Christian Andersen ).


Esse conto que eu li
Que achei triste de fato,
Com lágrimas nos olhos
Que agora  eu relato,
A menina do fósforo
De Monteiro Lobato.

A história se passou
Numa cidade que ficava,
Lá no alto da serra
Aonde a neve pintava,
Todas as telhas de branco
Quando o inverno chegava.

A menina pobrezinha
Saia cedo pra feira,
Ia pra vender fósforo
Sua missão rotineira,
Que o povo comprava
Pra acender a lareira.

Nessa época o inverno
Tava mesmo castigando,
Animais morriam de frio
As plantações acabando
Nas fazendas tudo perdido
As pessoas reclamando.

Trabalho era pouco
Pois pouco tinha por lá,
Na cidade a economia
Não saia do lugar,
Viviam da agricultura
Que a neve veio acabar.

Mas um dia menininha
Com o seu rosto singelo,
Seus cabelos cacheados
Feito ouro amarelo,
Quando ia sair de casa
Perdeu na neve o chinelo.

Como não tinha outro par
Não voltou pra sua casa
Pisando sem calçados
Na neve que arrasa
Queimava os seus pezinhos
Como se fosse uma brasa.
E pisava nessa neve
Com os pés desprotegidos
Com os fósforos na mão
pois nenhum tinha vendido
Não podendo voltar pro lar
Sentou-se sobre o vestido.

Era época de Natal
Data muito festejada
As palmeiras  imponentes
Tão belas, iluminadas
E dentro de muitos lares
As mesas tão recheadas.

Tudo era muito lindo
As pessoas festejando,
E a menina do fósforo
Num canto se congelando
Se protegendo entre os lares
Já quase não suportando.

O inverno tão rigoroso
Que o queixo dela batia,
Suas mão de tão coladas
Nenhum dedo se movia,
Quem passava pela rua
Nem se quer a percebia.

E pra casa ela não ia
Onde era o seu lar
O seu pai era severo
Ela podia apanhar
Ela oferecia fósforos
E ninguém queria comprar.

O pai  desempregado
Era  entregue as bebidas
Sua  mãe pobre coitada
Doente de tão sofrida
Apanhava  do marido
Que quase perdia a  vida.

E a menina do fósforo
Sem ter o que fazer,
Com o frio lhe matando
Seu corpo todo a tremer,
Acendeu então um fósforo
Pra um pouco lhe aquecer.

Passou ele na parede
Acendeu feito um rojão
A menina se sentiu
Bem perto de um fogão,
Logo diminuiu o frio
E esquentou seu coração.

A chama aqueceu o corpo
E lhe alegrou a alma
A menina sorriu feliz
Com felicidade na alma
E olhando ao seu lado
Começou a bater palma.

Ela ficou tão contente
Que o seu rosto corou
A chama daquele fósforo
Seu viver iluminou
Mas um sopro de vento
O seu fósforo apagou.

Resolveu acender outro
Pra elevar seu astral
Quando ela acendeu
Viu algo fenomenal
Uma família feliz
Comemorando o Natal.

As crianças tão alegres
Lá não tinha tristeza
E a  árvore de Natal
Com suas luzes acesas
E todo tipo de comer
Estava posto na mesa.

A mãe sorrindo a toa
Girando qual carrossel
O papai todo feliz
Com sua família fiel,
Entregando os brinquedos
Vestido  de papai Noel.

A chama apagou de novo
O banquete virou pó,
Outro fósforo acendeu
E a imagem foi melhor,
Porque a menina viu
A sua tão amada vó.

Sua vovó tão querida
Que quando era criança,
Cantava canções lindas
Que ela guarda na lembrança,
Essas  memórias fazem
Ter na vida esperança.

Sua vovó tava vestida
Com um branco véu
Com o semblante de anjo
E sua voz como mel
Suavemente chamando
Para voar pelo céu.
E então elas voaram
Pelo céu da cidade
Tudo que via um sorriso
Não tinha nenhuma maldade
As ruas tão iluminadas
Transbordavam felicidade.

E pra não perder a visão
Nem sua vó ir embora
Começou acender fósforo
Todo tempo, toda hora
Mas a menina adormeceu
Perdeu a visão da senhora.

Quando amanheceu o dia
O sol na sua amplidão
Raiou pela cidade
Arrastando a neve do chão
Era o fim do inverno
Tinha chegado o verão.

Os pássaros cantarolavam
O verde cobria montanhas
As sementes que brotavam
Rasgava da terra as entranhas
E o fruto na natureza
O agricultor feliz apanha.

O dia estava lindo
Parecia ser eterno
Mas pra menina do fósforo
Não foi algo tão fraterno
Pois ela tinha morrido
Devido o frio do inverno.

A visão estarrecia
Era de dar calafrios
A pobrezinha morreu
De fome também de frio
Quando conto penso nela
E me dar um arrepio.

Numa das mãos ela tinha
Do fósforo só um toco
Pretinho que nem carvão
Somente aquele cotoco
Na outra os que restaram
Quase nada, só um pouco.

Quando penso na criança
Que morreu  congelada
Dormindo no relento
Vivendo do quase nada
Imagino as crianças
Nas ruas abandonadas.

Que apanham da polícia
Da sua família também
E vivem perambulando
Como se fosse ninguém
Esperando uma mão amiga
Para lhe fazer um de bem.

Aquela menina do fósforo
Quando morreu ensinou
Que nada é impossível
E todo mundo tem valor
Pois todos somos iguais
Pelos olhos do senhor.

Porque ela mesmo morta
Em sua boca se via
Nos  lábios um sorriso
Na sua face alegria
Muita paz em sua alma,
Era o que ela sentia.

 Perdeu a vida eu sei
Mas sua sina continua
Na vida daquelas vidas
Vividas só pelas ruas
Do medo da violência
E da realidade dura e crua.

Meu nome é Jorge Romão
E poeta estimo ser
Nessa vida tudo que faço
Imagino pra fazer
Não a nada insuperável
A vida é pra se viver.

Foi assim que escrevi
O conto que você leu
Senti um pesar na alma
Felicidade morreu
O relato da vendedora
Realmente vencedora
O fim assim que  se deu.



 Autor do poema: Jorge Romão Barbosa
                             Contatos: Cel: 9602 1297
                                              Trabalho: 3315 4780

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